Envolvimento dos Jovens no Programa

Os Jovens são frequentemente um grupo-alvo chave para os projectos de P/CVE. Quando é este o caso, é muito importante envolver os jovens na implementação de actividades.

Antes de considerar envolver os jovens na implementação do seu projecto, consulte Secção Transversal sobre o Envolvimento dos Jovens. Esta secção ajuda-o a definir "jovens" para o seu projecto, introduz a abordagem de Desenvolvimento Positivo dos Jovens (DPJ) para o envolvimento efectivo dos jovens, e descreve a razão pela qual o envolvimento dos jovens e do DPJ são especialmente importantes para o programa de P/CVE.

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Como deve envolver os jovens na implementação do projecto?

Durante a fase ‘Conceber’, definiu o seu grupo-alvo e identificou quais os grupos de jovens, se houver algum, que se devem envolver nas suas actividades. Durante a fase ‘Implementar’, considere as seguintes questões para assegurar o envolvimento efectivo e significativo dos jovens, e que não cause qualquer dano involuntário:

QUAIS SÃO AS DIFERENTES FORMAS DE ENVOLVER OS JOVENS NA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO?

A experiência em investigação e programas demonstrou que não só é valioso envolver os jovens como beneficiários do seu projecto, mas também envolvê-los na implementação do próprio projecto. Ao pensar na melhor forma de estabelecer parcerias com os jovens, considere as seguintes etapas:

  • Consultar os jovens sobre os objectivos, conteúdo e estrutura das actividades durante a implementação, ou sobre avaliações que influenciam o seu planeamento e implementação (análises de risco ou de segurança, análises de GESI, etc.)
  • Capitalizar as habilidades e activos dos jovens, trazendo-os para a equipa de implementação de actividades - como pessoal a tempo inteiro, apoio a curto prazo, ou voluntários.
  • Estabelecer parcerias com organizações lideradas por jovens, incluindo na identficação e selecção de participantes jovens, para co facilitar actividades ou eventos, ou para liderar componentes específicos do seu projecto.

Ao considerar como envolver os jovens na implementação do projecto, consulte a presente Nota de Orientação sobre o Envolvimento dos Jovens sobre os diferentes níveis de participação dos jovens.

LIÇÃO IMPORTANTE

Para que o seu projecto beneficie verdadeiramente da participação dos jovens, e para evitar causar danos, o seu projecto deve assegurar que a participação dos jovens seja significativa.

As consultas com jovens e organizações lideradas por jovens demonstraram que: "A participação precisa de estar vinculada a um sentido de eficácia e à capacidade de influenciar os resultados, em vez de um exercício de assinalar a caixa de selecção adequada [...] A motivação e o entusiasmo que muitos jovens podem trazer ao programa de desenvolvimento e à PVE só podem ser aproveitados e sustentados se houver um elevado grau de confiança e de convicção de que a sua participação terá uma influência. Este sentimento de apropriação tem demonstrado ser crítico para o sucesso dos programas de redução da violência de uma forma mais geral. [...] A desconfiança entre os jovens e outros actores representou um dos desafios mais significativos para uma participação significativa dos jovens na prevenção do extremismo violento. Os indivíduos e as comunidades devem acreditar que a sua participação está a ser tratada com seriedade e possa ter uma influência significativa".

Fonte

QUE POPULAÇÃO JOVEM SERÁ INCLUIDA NO SEU PROJECTO?

Depois de identificar os grupos-alvo na fase ‘Conceber’, pode aprofundar as características dos jovens que pretende envolver no seu projecto. Considere os seguintes pontos à medida que desenvolve os seus critérios de selecção:

  • Como está a definir a faixa etária dos jovens para o seu contexto? Se estiver a envolver uma faixa etária relativamente ampla de jovens (14-30 anos, por exemplo), pense em como a sua interacção deve ser adaptada aos grupos etários dentro desta faixa etária. Não é apropriado envolver um jovem de 14 anos nas mesmas actividades que envolveria um jovem de 30 anos. Para mais informações sobre as fases de desenvolvimento para os jovens e a programação de adaptação para cada uma delas, consulte a Secção Transversal sobre o Envolvimento dos Jovens.
  • Será que irá envolver jovens de diferentes géneros? Qual a melhor forma de promover a igualdade entre os géneros e considerar as dinâmicas de género no seu projecto?
  • Será que irá envolver jovens com deficiências? Em caso afirmativo, o que precisa de para assegurar o acesso dos mesmos e para assegurar a participação efectiva deles no seu projecto?

COMO DEVE DESENVOLVER O SEU PLANO PARA ALCANÇAR E SELECCIONAR OS JOVENS?

À medida que vai desenvolvendo os seus planos e realiza o seu processo de selecção de jovens para o seu projecto, certifique-se de compreender as implicações de seleccionar alguns jovens e não seleccionar outros. Ao desenvolver o seu Plano de Alcance e Selecção e o seu Plano de Gestão de Riscos, considere cuidadosamente as questões abaixo:

QUESTÕES POTENCIAIS PARA OS JOVENS QUE NÃO SEJAM SELECCIONADOS

O seu processo poderia alienar os jovens que não sejam seleccionados

POSSÍVEL PROBLEMA

No geral, ao recrutar jovens para um projecto específico, deveria partilhar os seus benefícios e envidar todos os esforços para conseguir que os jovens se interessassem em participar. Na maioria dos casos, porém, nem todos os jovens interessados podem ser seleccionados. Nestas situações, os jovens que não tiverem sido seleccionados podem sentir frustração e desilusão quando não conseguem aceder à oportunidade ou ao serviço que o projecto esteja a prestar. Estes sentimentos podem ser particularmente problemáticos se os jovens que não tiverem sido seleccionados perceberem que o processo de selecção é injusto e não transparente ou acreditarem que o favoritismo desempenhou um papel.

POSSÍVEIS RESPOSTAS

  • Certifique-se de que o seu processo de selecção seja justo e transparente e que comunica de forma clara e aberta sobre os critérios de selecção, processo e resultados.
  • Planeie, com antecedência, formas de envolver os jovens que não sejam seleccionados noutras actividades que esteja a organizar, e certifique-se de que comunica essas oportunidades a esses jovens. Além disso, procure incluir jovens não seleccionados noutros programas ou oportunidades que as organizações parceiras oferecem.
  • Partilhe como o projecto pode beneficiar os jovens, mesmo que não sejam seleccionados para esse papel específico. Por exemplo, poderá o projecto gerar alguma informação ou criar espaços que serão acessíveis aos jovens da comunidade?
O seu processo poderia alienar os jovens que não sejam seleccionados

POSSÍVEL PROBLEMA

Se os seus critérios de selecção identificarem um grupo específico de jovens (com base no género, localização, nível de educação, afiliação étnica ou religiosa, etc.) como grupo alvo, o seu projecto vai excluir outros grupos que não correspondam aos critérios. Em muitos casos, este cenário é inevitável devido ao objectivo do projecto ou aos recursos limitados, mas também pode ser possível equilibrar a participação entre os mais vulneráveis e os menos vulneráveis ao EV. Seja como for, a sua organização deve compreender os riscos e desenvolver estratégias de mitigação para evitar causar danos involuntários se alguns jovens se sentirem excluídos, e assegurar que o seu processo de selecção não reforça involuntariamente os padrões de privilégio, divisão e exclusão existentes dentro da comunidade.

POSSÍVEIS RESPOSTAS

  • Apoie-se em abordagens e ferramentas sensíveis ao conflito para mapear a dinâmica do conflito e os padrões de marginalização na sua comunidade e assegurar que o seu processo de alcance e selecção minimize os danos.
  • Considere oportunidades para os jovens seleccionados trabalharem com os jovens que não foram seleccionados através de uma abordagem de educação de pares. Por exemplo, os jovens seleccionados podem alcançar um segmento mais amplo de jovens partilhando os resultados do seu trabalho com outros jovens.
  • Considere se haverá benefícios em envolver diversos grupos de jovens em certos aspectos do seu projecto. Por exemplo, será que o envolvimento de jovens de diferentes áreas ou de diferentes grupos étnicos poderia ajudar a criar laços positivos que poderiam beneficiar o projecto e a comunidade?

POTENCIAIS PROBLEMAS PARA OS JOVENS QUE SEJAM SELECCIONADOS

O seu processo pode estigmatizar os jovens que sejam seleccionados

POSSÍVEIS PROBLEMAS

O seu projecto pode ser concebido para se concentrar em comunidades ou jovens específicos, tipicamente as comunidades, grupos ou indivíduos que identificou como sendo vulneráveis ao EV. Nos casos em que o seu projecto envolve jovens específicos, pode correr o risco de associar estes indivíduos ou grupos ao EV, promovendo assim estereótipos negativos e agravando a sua marginalização. Mesmo a utilização do rótulo de jovens "em risco" pode ser estigmatizante, particularmente porque estes mesmos jovens "em risco" são susceptíveis de ser vistos negativamente por membros da sua comunidade, outras comunidades, e/ou pelo aparelho de segurança, que pode estar a visá-los para operações antiterroristas. O rótulo de "em risco" pode também afectar negativamente os jovens que se vêem a si próprios como vulneráveis ou desamparados, em vez de capacitados.

POSSÍVEIS RESPOSTAS

  • Pense cuidadosamente sobre como comunicar com os jovens. Pode evitar usar rótulos como "em risco" ou "vulnerável"?
  • Se ainda não faz parte da concepção do seu projecto, considere incorporar no seu projecto abordagens baseadas em activos e fortalecedoras (consulte a Cross-cutting Secção Transversal sobre o Envolvimento dos Jovens" para mais informações sobre abordagens baseadas em activos).
  • Considere uma abordagem que promova a confiança e organização entre os jovens.
O seu processo poderia expor os jovens seleccionados a riscos, incluindo a sua segurança

POSSÍVEIS PROBLEMAS

Os jovens que participam em projectos de P/CVE poderiam ser expostos a riscos de segurança e protecção:

  • O envolvimento dos jovens em projectos de P/CVE poderia chamar a atenção de grupos violentos e extremistas que encaram o projecto como uma ameaça.
  • Tal como referido, quando um projecto de P/CVE visa indivíduos ou grupos identificados como "em risco", estes indivíduos ou grupos podem tornar-se possíveis alvos de contraterrorismo para o Estado e agentes de segurança. Os riscos podem ser agudos em países onde o Estado tenha utilizado a P/CVE ou o CT como uma forma de repressão da oposição política, das liberdades civis, e dos direitos humanos.

POSSÍVEIS RESPOSTAS

  • Mais uma vez, pense cuidadosamente sobre como comunicar com os jovens e como enquadrar o seu projecto. Pode evitar usar rótulos como "em risco" ou "vulnerável"? Será que chamar ao projecto de "P/CVE" colocaria os participantes em risco? Em caso afirmativo, enquadre o seu projecto de forma diferente.
  • Incorpore os possíveis riscos para a segurança e protecção dos jovens participantes nos seus planos de Mitigação de Riscos e Segurança. Precisa de tomar medidas específicas para assegurar que a informação sobre os jovens participantes seja mantida confidencial? Comunique aos jovens participantes os riscos e as correspondentes políticas e procedimentos de segurança postos em prática.

 

A tabela acima baseia-se em vários relatórios, incluindo “Frontlines: Young People at the Forefront of Preventing and Responding to Violent Extremism” e “Youth and the Field of Countering Violent Extremism,” bem como a própria experiência da FHI 360 a trabalhar com OSCs locais que estão a envolver os jovens em projectos P/CVE.

DICAS PARA IMPLEMENTAÇÃO

COMO PODE PREPARAR A SUA ORGANIZAÇÃO PARA ENVOLVER EFECTIVAMENTE OS JOVENS NO PROGRAMA DE P/CVE?

Resumido do: Os jovens e o extremismo: Um Pacote de Recursos para Jovens Trabalhadores e A Juventude e o Campo de Combate ao Extremismo Violento

1

CRIAR ESPAÇOS SEGUROS E APROPRIADOS PARA ENVOLVER OS JOVENS

É essencial que as organizações tenham as instalações e o espaço adequados para se encontrarem com os jovens - quer isto signifique espaço físico ou virtual, e se as actividades com os jovens têm lugar em instalações designadas ou na rua, através de trabalho "independente" em espaço público. Ao contrário do trabalho de jovens baseados no centro, o trabalho de jovens destacados realiza-se onde os jovens se encontram - por exemplo, em parques, espaços públicos, ou áreas residenciais. A vantagem desta abordagem, que se concentra em conhecer os jovens nos seus próprios termos, é que pode criar oportunidades de envolvimento com jovens que normalmente não têm acesso aos serviços para jovens. No entanto, o trabalho individual dos jovens é uma área especializada; requer políticas e procedimentos detalhados para assegurar que o envolvimento e as actividades com os jovens sejam apropriados e seguros.

2

ESTABELECER UM SISTEMA DE APOIO AO PESSOAL QUE TRABALHA DIRECTAMENTE COM JOVENS QUE LIDAM COM TEMAS SENSÍVEIS, TAIS COMO O EXTREMISMO.

O apoio ao pessoal e aos voluntários, particularmente aos que estejam em contacto directo com os jovens, é essencial para assegurar a consistência dos serviços prestados. Este apoio pode assumir a forma de supervisão um-a-um ou um grupo de jovens trabalhadores pode reunir-se para discutir questões e desafios actuais e identificar e partilhar a sua aprendizagem. Reservar tempo para a supervisão desta forma traz benefícios para os trabalhadores juvenis, para as suas organizações e, em última análise, para os jovens com quem trabalham. Pode proporcionar uma espécie de 'espaço de manobra' - uma oportunidade para reflexão e distância do ciclo constante de planeamento, organização, coordenação, e realização de actividades e programas. A supervisão pode também ajudar o pessoal a desenvolver as suas capacidades de pensamento crítico e analítico, à medida que reflectem sobre conversas com os jovens e avaliam projectos. Dada a complexidade, sensibilidade e seriedade do extremismo (extremismo particularmente violento), é ainda mais importante que os jovens trabalhadores tenham o apoio de que necessitam para os sustentar neste trabalho.

3

ESTABELECER POLÍTICAS E PRÁTICAS INTERNAS PARA ABORDAR QUESTÕES QUE POSSAM SURGIR.

As organizações que se envolvem, directamente, com os jovens precisam de assegurar que têm estruturas internas apropriadas e políticas e procedimentos detalhados para abordar questões que possam surgir na área da juventude e do extremismo. Todo o pessoal e voluntários ligados à organização devem estar familiarizados com estas políticas e procedimentos. Embora seja impossível prever todas as situações que possam eventualmente ocorrer, é importante assegurar linhas claras de informação e comunicação.

4

CERTIFIQUE-SE DE QUE ESTEJA CIENTE DAS POLÍTICAS E PRÁTICAS QUE AFECTAM OS JOVENS DA SUA COMUNIDADE.

As organizações devem ter consciência do seu ambiente político local, regional e nacional, particularmente em relação às políticas que afectam directamente os jovens - na educação, nas empresas, no emprego, na saúde, na justiça e no desenvolvimento social. Embora nem todos os jovens trabalhadores terão um papel específico na advocacia, a maioria terá oportunidades de articular as necessidades dos jovens e de destacar formas através das quais as políticas do governo central e local possam estar mais bem alinhadas com os interesses e necessidades dos jovens.

5

TENHA EM MENTE A IMPORTÂNCIA DA OPORTUNIDADE DE CONTACTOS E DA TROCA DE INFORMAÇÃO E APRENDIZAGEM.

O encontro com outros jovens trabalhadores, de diferentes organizações, não só proporciona apoio mútuo como também conduz à partilha de aprendizagem e ideias para a prática. Encontrar profissionais de outras áreas relevantes para os jovens pode trazer mais benefícios - por exemplo, para trabalhar com profissionais de saúde, professores e educadores, líderes religiosos, assistentes sociais, políticos, líderes comunitários, e polícia. A construção de relações e ligações nestes diferentes contextos profissionais permite-lhe recorrer a apoio ou aconselhamento quando necessitar - e ser mais eficaz no trabalho para obter os melhores resultados possíveis para os jovens. Tais vínculos podem também dar origem a novas parcerias - por exemplo, em apoio a uma iniciativa ou projecto conjunto.

6

PRESTE ATENÇÃO AOS PERFIS DOS MEMBROS DA EQUIPA QUE SELECCIONA PARA ENVOLVER OS JOVENS.

A contratação de pessoas de elite para trabalhar com estranhos distantes faz com que o ajuste seja desconfortável e deve ser evitado. Pode ser difícil para aqueles de origem privilegiada tomar consciência e desapegar-se do seus hábitos sociais e culturais que absorveram ao longo do tempo. A habilidade em alcançar os não-elites e o conhecimento do poder da alienação e das normas de género são trunfos cruciais para o pessoal em projectos que trabalham com jovens.

COMO SE PODE INTEGRAR O DESENVOLVIMENTO POSITIVO DOS JOVENS NA IMPLEMENTAÇÃO DE P/CVE?

Neste momento, o ideal é que tenha envolvido os jovens e/ou integrado os princípios do DPJ nas fases ‘ANALISAR’ e ‘CONCEBER’ do seu projecto. Mesmo que não o tenha feito, não é demasiado tarde para envolver os jovens na implementação do seu projecto, incorporando o DPJ. Try this exercise below:

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GUIA DA MATRIZ DE INTERVENÇÃO PYD DA JUVENTUDE
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Details

Ficha de trabalho da Matriz do Projecto PYD para jovens

Esta Matriz de Intervenção PYD para Jovens que introduzimos na fase de Desenho pode ser usada durante a fase de Implementação para ligar as actividades em curso/existentes às características do PYD e desenvolver actividades revistas ou novas que promovam o PYD.